Tempo, senhor curador de desventuras e cicatrizes, caminha ao nosso lado enquanto o atravessamos.

Mestre veloz e invencível, nos faz mais sábios a cada estação e, em contrapartida, nos faz envelhecer. É direto em nos mostrar, embora nem sempre entendamos, algo do outro em nós, para que não julguemos sem antes nos olharmos, uma forma de nos reconhecermos no outro. Assim, nos ensina que precisamos nos julgar primeiro, para que nos tornemos mais justos.

Bom seria se os relógios parassem e voltássemos a nos ver em momentos passados, num tempo de juventude, quando tudo era sentido e vivido com mais leveza, com pensamentos coloridos e uma inquieta alegria como única possibilidade.

A juventude alimenta a pretensão de nos imaginarmos poderosos e invencíveis ao tempo, quando nada ou pouco pesa, simplesmente passa. Quando nos damos conta, a história é outra e temos que administrar bem esse tempo enquanto o atravessamos, tentando cada dia usá-lo mais a nosso favor, já que sonhos não estabelecem tempo para realizações. É preciso traçar o caminho e tentar, fazendo de cada momento uma chance, com direito a idas e vindas, erros e acertos, até que encontremos o nosso jeito de fazer melhor, conforme nossa capacidade de ação e de crença para não desistir. A partir disso, será possível encontrar o que buscamos e faremos tantas coisas, das mais simples às mais complexas. E pelo especial prazer da busca, seja breve, longa ou eterna, não sentimos tanto o tempo passar, quando a proposta nos encanta e a vida nos sacode. Acabamos percebendo que o tempo, ruim ou bom, é nosso; incide em nós para que o atravessemos, conforme o momento ditar para usá-lo como aliado no alcance de objetivos, qualquer que seja nossa idade.

Não adianta contestar suas marcas em nós, já que é soberano. Vale mais a pena considerar que só atravessando suas ruas misteriosas, chegaremos ao final da nossa história. E que seja uma travessia longa, iluminada e produtiva, com histórias e experiências para compartilhar.

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Ceiça Monteiro

Ceiça Monteiro - Acredito na força do pensamento e no poder das palavras, que precisam ser positivas para que nos tornemos mais iluminados.

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