Quero ter o prazer de viver meus dias de calmaria e em
águas rasas ou profundas, poder sentir meu amanhã,
vê-lo nascer e celebrar com olhos especiais os seus detalhes.
Quero aproveitar suas horas e compartilhar tudo que sinto. E
quando a tardinha cair, com ela quero me encontrar
e lhe dizer que é uma imagem entre o dia e a noite,
para que o fim de um e o começo da outra aconteçam.
Quero viver cada momento, me fundir, entrar serena nele.
Não posso vê-lo passar simplesmente, como um trem. Quero consumir meu dia acreditando na minha obra e não lhe dar chance de me consumir porque o ultrapassei.
Pela noitinha, quero reverenciar a lua e as estrelas
e se não as vejo numa noite escura, as imagino,
pois guardo essas imagens para descobrir novas vias,
enquanto passeio liberta e plena dentro de mim.
Não louvo gritos em excesso nem silêncio absoluto, vivo em movimento, mas sem pressão, gosto de equilíbrio, gosto do centro. Eu e meu meu barco navegamos há 67 anos por esses mares, tempestades e bonanças fazem parte das viagens e a cada novo trecho, ainda vibro e me emociono.
Amadurecemos com o tempo, eu e meu barco.
Estamos seguros mesmo durante as tempestades, pois sinto que meus anjos, na hora certa, assumem o comando
e cantam para acalmar minha alma, me assegurando
que terei novos dias iluminados, se meu sol interior prevalecer.
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