Não havia mais o que explicar. Faltou-lhe argumento para esclarecer coisas tão óbvias que nem careciam de tantas explicações, pois se tornaram fatos impossíveis de contestar, restando apenas o ponto final. Percebeu que naquele momento o melhor seria dissertar sobre tudo, menos sobre suas considerações, seus vagos porquês para tentar se fazer compreender. Sentiu como era difícil ser natural e direto, dizer o que precisava ser dito, se não para corrigir, pelo menos para lamentar e se desculpar. O momento não pedia rodeios, que iriam piorar a situação pelo impropriamente dito e pela verdade que deixou de dizer.
Fazer rodeios e não considerar os próprios erros é um problema criado e alimentado. Nem sempre é fácil falar abertamente, para não se aborrecer ou por qualquer outro motivo. Dissertar sobre temas que não nos afetam diretamente é bem mais fácil, instigante e temos mil argumentos para réplicas e tréplicas, se preciso for. Os problemas alheios são sempre muito bem resolvidos, visto por outros olhos, mas dificilmente encarados e resolvidos quando sentidos na própria pele. Por isso há tantos julgamentos e críticas para solucionar sobre o alheio, pois não temos o coração nem a alma do outro.
O fato é que muitos se acham capazes de resolver o que não deciframos; o que não vemos claramente é sempre decifrado pelo outro com facilidade. Temos que olhar para nós mesmos do jeito que olhamos o mundo, nos julgando exatamente como fazemos com aqueles que vivem suas dificuldades, nos colocando na situação deles. Só assim os entenderemos melhor, sem pretensas críticas e fáceis soluções.
0 comentário